"Eu não como sempre de maneira regular. Às
vezes, sou dominada por um estado de espírito estranho que me leva a comer
muito, estado que considero o estado de decadência de um ser humano que decaiu
moralmente.
Quando começo a comer muito, um pessimismo, um
profundo desespero, uma indiferença total, uma incapacidade de tomar decisão
porque não há nenhum desejo nem alegria por nada, tudo isso toma conta de mim.
Então eu não trabalho, fico completamente embrutecida
e muito mole. Como e durmo quase o dia todo. Depois engordo uma enormidade,
como se tivesse inchada. Minha aparência exterior muda, e fico com outra cara.
Não quero me vestir, posso por roupas velhas e largas, não me penteio e não me
lavo. Em meu quarto reina nesse momento uma desordem horrorosa e, bagunçados,
peças íntimas, roupas, livros e objetos diversos cobrem o chão em um caos
total.
Quando me encontro nesse estado, comer torna-se pra
mim uma paixão invencível que não posso combater. Doces e bolos exercem, então,
sobre mim uma atração tão forte que eu me comparo a uma alcoolatra ou drogada.
Qualquer desgraça, amor próprio ferido, ofensa,
perda de confiança em si pode causar esse estado. A isso somam-se, então, um
doloroso sentimento de inferioridade e um profundo desgosto de mim mesma e de
meu corpo. Sinto-me suja, asqueirosa, repulsiva.
Ainda a noite é completamente insuportável, e no
dia seguinte eu me levanto transformada, sem saber por quê; sinto-me bem,
dinâmica, enérgica, de bom humor. Então como pouco. Quando estou em um estado
psíquico muito bom, nem como. Sinto-me particularmente bem, alegre, com moral e
não como, apesar de sentir fome.
Mas se eu como para aplacar minha fome, o remorso,
o medo e a melancolia me invadem, sinto-me de novo profundamente decaída
moralmente, acho que estraguei tudo e prometo a mim mesma não fazer isso de
novo. Com um enorme esforço, tento sair desse estado e me sinto completamente
desesperada quando fracasso. E fico assim enquanto nao consigo permanecer sem
absorver alimento e assim me livrar de todos os sentimentos torturantes,
reestabelecendo a disposição de humor da abstinência".
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